terça-feira, 1 de dezembro de 2009

então agora deveríamos impedir que eles morram?

LIVRO - OS MONSTROS - DAVE EGGERS - desde que vi o trailer de onde vivem os monstros, estou desesperada para assistir ao filme. como não dá para saber quando vai estrear no brasil, com todos os cinemas ocupados em passar o mesmo filme no mesmo horário, comecei a apelar para a literatura. primeiro tentei comprar o livro do maurice sendak na feira da usp, mas a cosac não leva lançamentos. tive que me contentar então com esse os monstros, espécie de novelização do filme escrita por dave eggers. minha animação ao ler a versão de um autor tão elogiado para essa história devia ter terminado quando tive a seguinte conversa com uma amiga:

eu: comprei os monstros, do eggers.
ela: ai, tentei ler uma comovente obra de espantoso talento e desisti no meio
eu: e eu tentei ler o que é o quê e desisti no meio.
ela: dave eggers - "dizem que ele é mto bom, mas nunca cheguei ao final"

não que os monstros seja ruim. só não é nada de mais. talvez a culpa não seja do autor, mas do esgotamento de histórias para adultos narradas por crianças. eu achava esses livros e filmes originais e sensíveis há alguns anos, mas não tive paciência com o menino do pijama listrado, menino de lugar nenhum (ok, não insisti muito nesse último) e outros meninos que surgiram nos últimos tempos.

mas é preciso apontar que os os monstros que dão título ao livro são muito carismáticos. não passam de crianças que não sabem bem o que é certo e errado, ou como lidar com seus problemas e medos. e há alguns pontos com que é impossível não se identificar, como quando o professor de max conta para a classe que o sol um dia vai morrer. me lembro claramente do meu professor de física tendo que se explicar depois de uma aula assim, dizendo que não podíamos surtar com esse tipo de coisa.

enfim, continuo no aguardo do filme. os elementos necessários para algo fantástico estão todos lá. e meu passado com spike jonze é mais animador que meu passado com eggers.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

and i'm back in the game!

pois é, eu tinha desistido desse blog. quem me conhece há algum tempo (ainda que bem pouco) sabe que eu tenho uma certa tendência a começar coisas só pra depois abandonar. que o digam os professores de francês, italiano, alemão e japonês. os do curso de administração e letras não podem dizer, pq nem chegaram a notar minha presença. não vou nem falar sobre os instrutores de academia...

mas no fracasso a gente descobre algumas coisas interessantes. por exemplo, faz quatro meses que eu parei de escrever. QUATRO MESES. se eu tivesse continuado, talvez não tivesse mais essa prova de que o tempo é uma coisa ridícula.

enfim, a questão é q ganhei no meu aniversário um caderninho lindo da papel craft, chamado "notas de um leitor". aí comecei a usar no meio desse mês, anotando os livros que ia lendo, e descobri q tenho um monte de coisas para dizer. não sei se vou conseguir escrever sobre todos, ou se isso ia roubar todo o meu tempo de leitura, mas mando a lista do que pode estar por vir, de qq maneira...

LIVROS
a pista de gelo (roberto bolaño)
selva de batom (candance bushwell)
o leitor (bernhard schlink)
o livro do foguete (peter newell)
os monstros (dave eggers)

SHOWS
yael naim

FILMES
500 dias com ela (duas vezes)
lua nova
2012
atividade paranormal

ps: o título do post é uma fala do joseph gordon-levitt em dez coisas que eu odeio em você". uma homenagem ao grande retorno do ator de third rock from the sun em 500 dias com ela.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

if what i think is happening is happening, it better not be

TRAILER - THE FANTASTIC MR. FOX - WES ANDERSON - há quem odeie os filmes do wes anderson. quem não aguente assisti-los até o final. quem se pergunte por que aquelas pessoas são tão esquisitas e qual o sentido de tudo aquilo. e dá pra entender.

mas eu adoro. os excêntricos tenembaums é um dos filmes mais bonitos que eu já vi, viagem a darjeeling é um daqueles que você fica repetindo as melhores partes e até o mais chatinho a vida marinha com steve zissou tem cenas inesquecíveis, como a visão do tubarão-jaguar.

por isso, por mais estranho (e "estranho" é a palavra quando se trata de wes anderson) que pareça ele dirigindo um longa em stop motion em vez de um roteiro original (mas não se trata também de qualquer roteiro adaptado: é um roteiro adaptado de um livro de ronald dahl, o que faz muito sentido para wes), não espero nada menos que sensacional. como michel gondry dirigindo o besouro verde. de alguma forma, vai dar certo.

por fim, vamos ao trailer. repare que são os mesmos caras de sempre: owen wilson, bill murray, jason schwartzman e... meryl streep! só q ela faz a voz da anjelica houston, tipo quando outros atores fazem o woody allen nos filmes dele.

terça-feira, 28 de julho de 2009

the following is a work of fiction. any resemblance to persons living or dead is purely coincidental. especially you jenny beckman. bitch.

FILME - 500 DIAS COM ELA - MARC WEBB - assisti ao trailer de 500 days of summer (veja aqui). esperava mais (acho que o trailer de onde vivem os monstros colocou os meus padrões lá em cima), mas torço para que o filme seja mesmo tão bom quanto indica a crítica americana.

uma coisa que eu ainda não tinha percebido: o mocinho é o menino de third rock from the sun! em um primeiro momento achei que de maneira alguma ele iria convencer como um adulto e par romântico da zooey deschanel (o guia do mochileiro das galáxias - adoooro!), mas fiz uma busca rápida no imdb e vi que ela tem 29 anos, e ele, 28! foi então que percebi que já faz dez anos desde 10 coisas que eu odeio em você e que se o heath ledger teve tempo de virar um caubói gay, bob dylan, coringa e se matar (ou não), é aceitável que o joseph gordon-levitt tenha crescido e virado mocinho de filmes adultos.

terça-feira, 21 de julho de 2009

do you remember when we met

SHOW - CAT POWER - fui ao show da cat power no via funchal por dois motivos: primeiro porque todo o mundo que a assistiu no tim festival há dois anos ficou absolutamente encantado (e não, não estou exagerando); segundo porque eu queria desesperadamente ouvir "sea of love", parte da trilha de juno (aquela que toca depois que ela teve o filho e fica chorando na cama), ao vivo.

depois do show, confirmo que a cat power tem mesmo essa qualidade hipnotizante que faz você querer ser tão supercool quanto ela. MAS o show foi um pouco cansativo, não sei se porque eu já tinha feito muita coisa naquele dia e estava com uma dor nas costas horrível ou se porque em um ou dois momentos eu me sentia em contatos imediatos de terceiro grau, com o palco vazio, aquelas luzes na minha cara e uma melodia eletrônica "pa-pa-ti pa-pa-ta" se repetindo.

mas, de um modo geral, o show foi bastante bonito. os arranjos de *todas* as músicas (inclusive da minha querida "sea of love") foram modificados, fazendo daquela uma experiência única, completamente diferente a de se ouvir o cd. (me sinto obrigada a confessar que roubei a primeira parte dessa observação da irmã de uma amiga. so sorry.)

sobre "sea of love": eu já tinha entregue os pontos (culpa do radiohead, que me deixou traumatizada. fiquei o show todo esperando ouvir uma "no surprises" que nunca veio. so sad.) quando ela finalmente chegou, no biss. imperdível!

how grand it must be to be the chosen one

FILME - HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE - DAVID YATES - a série harry potter já teve dois grandes diretores: alfonso cuarón (harry potter e o prisioneiro de azskaban) e mike newell (harry potter e o cálice de fogo). os dois foram amplamente elogiados por fãs e crítica. por isso, a permanência do rodízio de diretores deu a entender que, para dar maior fòlego a uma série bastante longa, haveria um novo profissional a cada episódio. qual não foi a surpresa então quando david yates, completo desconhecido e responsável pelo filme mais fraco da série (harry potter e a ordem da fênix), foi mantido não apenas para o sexto filme, mas para os dois que se seguiriam a ele?

por esse motivo, eu já esperava muito pouco do filme que estreia agora. quando as críticas começaram a sair e a única positiva (e bastante entusiasmada) foi a da isabela boscov, da veja, fiquei ainda mais segura do que encontraria. e foi isso mesmo. o filme não é ruim. mas sou completamente indiferente a ele. você senta, assiste e, quando vai embora, esquece. não vai querer assistir de novo, não vai esperar desesperadamente pelo dvd, não vai ficar rememorando passagens na cabeça antes de dormir (ou será que só eu que faço isso?). não existe um desenvolvimento de personagem ou de trama e, para ser sincera, não vou nem esperar pelos últimos filmes, mesmo que acabe indo assisti-los.

e a verdade é: quem se importa? a qualidade dos filmes de harry potter a essa altura não influi mais em sua bilheteria. é algo como o que aconteceu com wolverine no brasil. pode ser péssimo, mas é um sucesso de bilheteria. um filme hoje não precisa mais ser bom nem como cinemão (como os primeiros guerra nas estrelas, indiana jones e o atual jornada nas estrelas). é só ter marca.

só pra não dizer que sou incapaz de apontar algo de positivo nesse harry potter, jim broadbent, que recebeu um oscar por iris está ótimo como um ao mesmo tempo bonachão e condenável professor slughorn. só é uma pena que ele tenha que contracenar com o daniel radcliffe...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

you don't want to be with me

FILME - A PROPOSTA - ANNE FLETCHER- meu problema com esse filme começa no título. a proposta não quer dizer nada, já que, em português, uma pessoa pede outra em casamento, e não propõe. dito isso, gostaria muito de saber que tipo de pessoa faz a adaptação de títulos de filmes estrangeiros para o português. pessoalmente, gostaria muito de um trabalho desses e, pelo que parece, não se exige lá muita coisa dos candidatos à vaga. por motivos óbvios, imagino (e torço para) que não seja a mesma pessoa que faz a tradução em si.

mas falando do filme: o roteiro de a proposta não é exatamente original. algo como o diabo veste prada meets qualquer comédia romântica. mas confesso que me diverti, em parte porque precisava dar uma pausa nos filmes deprimentes e em parte porque a personagem da sandra bullock é uma editora, então a história é trazida para um universo com o qual eu posso me identificar. ao que parece, eu mesma sou muito exigente quando responsável pelo trabalho de outra pessoa.

mesmo assim, uma coisa me incomodou nesse filme, que não é excepcionalmente engraçado ou bonito: não dá pra acreditar que o personagem do ryan reynolds tenha se apaixonado pelo da sandra bullock. ok, que isso tenha acontecido com ela, a gente até acredita, porque se trata de uma pessoa completamente sozinha. mas porque ele teria interesse nela é uma parte da história que esqueceram de contar. parece que assumiram que o público já sabia o que ia acontecer e que seria perda de tempo explicitar isso na tela.

uma outra dúvida: eu gosto ou não do ryan reynolds? ainda não consegui decidir qual é a dele. em três vezes amor (bom filme) eu estava muito perto do "gosto", mas aí veio wolverine e estragou tudo.

por último, já que estamos falando de comédias românticas, fico no aguardo de 500 days of summer, com a zooey deschanel (o guia do mochileiro das galáxias e sim, senhor), que parece ser aquela comédia romântica do ano que sai do medíocre.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

sayez, c'est fini

LIVROS - acho que nenhum livro que a gente leia na vida adulta substitui o mais idiota dos livros que a gente tenha lido quando criança. deem uma olhada nessa francesinha (aqui) contando a história de uma aventura do ursinho puff, que com certeza é muito mais chata que a que ela inventa...

e aproveitando que estamos falando de crocodilos e criancinhas estrangeiras, deem uma olhada nesse italianinho (aqui).

domingo, 12 de julho de 2009

é muita pedra

LIVROS - FLIP - DIA 4 - não tenho a menor idéia do que simon schama disse sobre o futuro da américa nessa mesa da manhã de domingo, embora estivesse lá. não é culpa dele, mas não tenho a mesma força desse homem que foi visto embriagado em todas as noites da flip e mesmo assim segurou a sua mesa na manhã do último dia sozinho, recusando-se inclusive a permanecer sentado. mas ouso dizer que se a gripe suína não tivesse me derrubada e as ruas de paraty fossem asfaltadas, essa teria sido uma conversa muito interessante, que me animaria até mesmo a viajar mais tarde e assistir à próxima, com catherine millet.

dizem até que a academia sueca teria cometido um erro de português

LIVROS - FLIP - DIA 3 - sábado foi o dia mais cheio da flip para mim. tudo começou com alex ross, que escreveu para o new york times e a new yorker e agora lança no brasil um livro sobre música erudita no século XX. me parece muito interessante que alguém moderno escreva sobre esse tema e, por isso, queria já há um tempo dar meu apoio ao alex ross sem ter contudo que ler um calhamaço sobre um assunto que, vamos encarar, não me interessa muito. a vinda dele para o brasil acabou sendo perfeita. mostrei meu apoio em 1h15 de "música erudita para dummies" e agora posso dormir com a consciência tranquila.

sophie calle e grégoire bouillier foram, para mim, a decepção da flip. são duas pessoas sem méritos literários que justifiquem sua presença ali e que, pelo visto, foram convidadas pelo inusitado de sua situação. para quem não sabe, grégoire deu o fora em sophie por e-mail, e ela fez uma exposição disso, com 170 mulheres analisando esse texto sob pontos de vista diferentes. parece até uma obra interessante, mas a mesa foi apenas sobre amor, como quando alan pauls falou de o passado).

gay talese chamou bastante atenção durante a feira não apenas por ser um dos convidados mais famosos, mas também por sua figura (um velhinho andando por paraty com ternos de alfaiate e guarda-chuva como bengala). a mesa conduzida por mario sergio conti foi excelente (será a jornalista em mim falando?). houve apenas um momento muito triste (e aí sim era pertinente falar de amor em uma feira literária) em que o jornalista brasileiro perguntou sobre o livro que talese escreve sobre seu casamento com a editora nan talese, e se ele não se sentia mal por expor sua esposa novamente ao ridículo (depois de ter escrito a mulher do próximo, em que narra sua experiência trabalhando como cafetão). talese respondeu sem parecer ofendido e visivelmente emocionado que não havia nada que pudesse fazer. ele é um escritor. mas que talvez não fosse o escritor que se sentisse obrigado a contar essas histórias, mas o homem que não consegue deixar de machucar, que precisa destruir uma relação.

antónio lobo antunes encerrou a noite com muito bom humor. humberto werneck fez a sua parte com alguns comentários anti-saramago.

tá tudo lá no google

LIVROS - FLIP - DIA 2 - o dia começou pra mim com atiq rahimi contra bernardo carvalho. digo contra porque os dois autores pareceram não se entender muito bem. de minha parte, não gostei muito de nenhum.

chico buarque e milton hatoum foram um show à parte. sem dúvida a mesa mais agradável da flip. dizem que chico tomou dois calmantes e encheu a cara antes de entrar, mas valeu a pena. os dois estavam muito à vontade, e embora não tenham dito nada de muito literário, a conversa claramente não era entre duas pessoas normais e, por isso, tinha potencial para agradar a todos. menos edna o'brien, pelo que diz diogo manairdi na revista veja de hoje.

not enough evidence, god

LIVROS - FLIP - DIA 1 - a flip 2009 não poderia ter começado melhor para mim. tenda dos autores para assistir a uma mesa com rafael coutinho (o filho do laerte), fábio moon e gabriel bá (os gêmeos, mas não osgêmeos) e rafael grampá. pode parecer estranho uma mesa de quadrinhos em um evento em que os convites são invariavelmente criticados (se são para personalidades, a flip se vendeu; se não vem ninguém conhecido, é a crise), mas há uns quatro anos art spiegelman é convidado. de qualquer maneira, é um grande pulo de um vencedor do prêmio pulitzer para quatro jovens brasileiros. tudo bem que no meio disso teve neil gaiman, mas sandman é um quadrinho absolutamente literário e, mesmo assim, ele havia sido convidade por seus romances. de qualquer maneira, eu estava um pouco temerosa de que esses garotos simplesmente não tivessem muito a dizer. mas todos se saíram muito bem. rafael coutinho foi o mais desenvolto e carismático. cachalote, que desenha a partir de roteiro de daniel galera, parece um quadrinho digno da editora canadense drawn & quarterly. mas não deixa de ser um tanto curioso que um desenhista (ele não escreve os roteiros) nunca publicado seja convidado pela flip (isso provavelmente não seria possível sem os amigos e o pai certo). os gêmeos também se saíram bem, e parecem ser os que mais mereciam o convite. conseguiram entrar para o mercado norte-americano sozinhos, levando seus fanzines para o comic con e conquistando espaço em séries importantes como umbrella academy. mas grampá talvez seja o que foi mais longe até agora, já que recebeu um eisner por um trabalho autoral e individual, mas contou com um impulso dos próprios gêmeos para começar. enfim, parece que podemos esperar grandes coisas de todos eles.

à tarde, assisti à mesa dos chineses (xinran e ma jian), mas fica muito difícil comentá-la, dada a fraca tradução simultãnea do mandarim. o que me leva a duas questões: é realmente impossível fazer uma tradução simultânea de qualidade ou essa atividade apenas não está devidamente desenvolvida no brasil? é impossível passar para o português uma língua tão simbólica como o chinês ou simplesmente não se estuda a língua no brasil como se deveria? de qualquer maneira, xinran é absolutamente adorável.

a última mesa do dia foi uma das melhores da flip. nos 200 anos do nascimento de darwin e 150 da publicação de a origem das espécies, richard dawkins falou a maior parte do tempo sobre deus. e há muito sobre o que se refletir depois de assistir a este homem carismático e convincente falando. de acordo com ele, a religião não traz nada de bom. nem mesmo conforto. se todos encarássemos a vida como ela é, uma existência desprovida de um sentido além da transmissão do gene egoísta, nos preocuparíamos apenas em ser felizes com o tempo que temos, e não viveríamos sempre com medo. quando perguntado sobre o que diria a deus se morresse e desse de cara com ele, dawkins deu uma resposta dupla: "not enough evidence, god" e "which god are you?".

terça-feira, 30 de junho de 2009

você está sofrendo! é por isso que está tocando tão bem agora!

HQ - FRANGO COM AMEIXAS - MARJANE SATRAPI - demorei uns 15 minutos pra ler esse livro, então me sinto na obrigação de comentá-lo em um parágrafo. a satrapi tem uma coisa muito legal de ver poesia na vida real. mas se você tiver que escolher entre frango com ameixas, em que ela conta os últimos oito dias da vida de seu tio-avô, e persépolis, que narra sua infância e adolescência ligada ao irã, fique com o segundo.

aproveito pra dizer que, se tudo der certo, vou pra flip amanhã! isso significa nada de posts até domingo que vem, mas MUITOS posts sobre alta literatura (dedicados aos meus críticos) quando eu voltar! a única coisa é q os textos podem demorar um pouco mais do q esperado, pq decidiram acabar com a maldita greve da usp e eu tenho um trabalho surreal pra fazer pra segunda, acredito eu...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

yippee-ki-yay, motherfucker!

HQ – O HOMEM QUALQUER COISA – MATHEUS SOUZA – pois é, o diretor de apenas o fim, com a sabedoria de seus 15 anos (cansei de tentar descobrir qual a idade dele agora. daqui para a frente vou só chutar números. lembrando sempre que esse é um blog altamente jornalístico) fez o roteiro de um quadrinho para a oi. (veja aqui!)

matheus, você pode ter feito um filme legal com apenas 13 anos, mas não é tão talentoso que não precise se esforçar, né? não dá pra fazer uma carreira só enchendo tudo o que você faz de referências pop. a figura do kevin smith não sustenta nem os trabalhos dele, então imagine o seu... e, como uma pessoa que assistia a two guys, a girl and a pizza place, me sinto confortável para dizer: know your ryan reynolds! quem quer que esteja desenhado lá, não é ele.

by all means, let's talk it over!

FILME - ANJOS E DEMÔNIOS – RON HOWARD – começo a temer que os textos desse blog levem a uma verdade incoveniente: eu sou muito trash. cadê a crítica de ulysses? de pierrot le fou? do último livro do harold bloom? não. até agora só tivemos crepúsculo, scrubs e, agora, anjos e demônios! como se eu já não tivesse sido criticada o bastante por ter ido ao show do marcelo camelo...

bom, não vou me estender muito sobre anjos e demônios, porque eu posso ter ido assistir, mas sei que não é spielberg (o antigo. o atual talvez até fizesse pior, já que o filme provavelmente teria três horas de duração). o fato é que o filme funciona, porque é mais parecido com a lenda do tesouro perdido (aquele do nicolas cage) que com o código da vinci (lento e confuso). pelo menos eles perceberam que quando você não tem uma história lá muito boa, é melhor ter ação. aliás, o melhor mesmo é ler o nome da rosa.

domingo, 28 de junho de 2009

please, please: put it down. you'll never finish it. start something else

LIVRO - THE COMPLETE POLYSYLLABIC SPREE – NICK HORNBY – duas coisas que eu aprendi com essa coletânea das colunas do nick hornby para a revista believer:

1) você sempre vai comprar mais livros do que consegue ler. não tente lutar contra esse fato. é humanamente impossível ler tudo o que se deve ou deseja em 80 ou até 100anos. para compensar essa limitação, o universo nos dá o direito de comprar alguns que simplesmente precisamos ter, nem que seja apenas para ler a orelha ou ostentar na biblioteca.

2) ninguém é obrigado a terminar um livro. se você não está gostando, pare no meio. nada de ruim vai acontecer com você. confesso que sempre achei que precisava fazer valer o esforço das páginas já lidas e, ao mesmo tempo, esperava por um final maravilhoso que redimisse todo o meu sofrimento. mas hornby abriu os meus olhos. não há tempo para isso.

se alguém pretende ler este livro (eu tenho uma edição de bolso da penguin, mas ele acaba de ser lançado pela rocco como frenesi polissilábico), é bom saber quem é o polyphonic spree (hornby chama a entidade que controla a believer de polysyllabic spree). o hit deles, que nem chega a tanto, é light & day (veja aqui), que faz parte da trilha sonora de... SIM! brilho eterno de uma mente sem lembranças! tem também um capítulo de scrubs (aqui! e viva o youtube!) em que o grupo todo entra em um quarto do sacred heart e começa a cantar em meio a bexigas.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

e os velhinhos são bons de papo!

SHOW - MARCELO CAMELO - lembro que da primeira vez em que eu ouvi o cd solo do marcelo camelo, sou, gostei. mas aí veio o thiago ney (radical da ilustrada) e disse que o cd novo do amarante (do little joy, na verdade) era tudo o que o los hermanos tinha de bom, enquanto o do camelo era tudo o que eles tinham de ruim. fiquei falando mal do thiago ney por uns tempos, mas a verdade é que puxei o cd do little joy, achei simplesmente O MÁXIMO, fui ao show e me envolvi imensamente. nisso, já tinham rolado as notícias de que o marcelo camelo estava com a chata da mallu magalhães, e eu peguei raiva dele, dela, e botei na minha cabeça que sou era uma chatice sem fim.

então, quando ganhei os ingressos pro show do marcelo camelo, fiquei animada, mas com um pouco de medo de morrer de tédio até ele decidir tocar uma música do los hermanos e me salvar da minha agonia. mas, against all odds, confirmei a minha teoria de que os melhores shows são os baratos, teoria que teve início no histórico show de matt costa no MIS (R$7,50 pra entrar, a força acabou quando ele cantou a primeira frase da primeira música e ainda assim foi o melhor show da minha vida).

sou é uma mistura de músicas lindas e melancólicas com marchinhas. assim, quando você está convencido de que a vida não vale a pena e é melhor acabar com tudo, entra algo como "o baile do peixoto é um barato! e os velhinhos são bons de papo!" (da ótima "copacabana") e você descobre que a vida é uma festa.

o mais engraçado é que você aposta que as letras são boas porque acredita na inteligência do camelo (apesar do incidente mallu magalhães). mas, na real, não dá pra entender nada do que ele fala. eu tinha grandes planos de colocar "você está só" como título desse blog e ia reclamar do dedo acusador do camelo na minha cara. mas hoje descubro que a letra de "doce solidão" começa com "posso estar só", o que destrói o sentido que a música tinha pra mim. também falhei repetidamente em cantar "menina bordada", porque achei que estava simplesmente inventando palavras, mas depois descobri que a letra era exatamente como eu cantava.

até a música com a mallu ("eu quiiiiiis te conheceeeeer") é bem legal quando ela não entra pra desafinar. ontem, por um momento morri de medo que ela entrasse do escuro com uma estrela pintada no olho direito pra fazer um dueto com o camelo. afinal, era um show de dia dos namorados. mas eu tinha esquecido que era uma terça-feira e ela teria aula no dia seguinte.

acho que, no fim das contas, nos demos bem com dois ótimos cds (camelo e little joy) completamente diferentes entre si.

terça-feira, 23 de junho de 2009

le jour où quelqu'un vous aime... il fait très beau

MÚSICA - MAINTENANT JE SAIS - JEAN GABIN - e segue a letra de "maintenant je sais". ouvi essa música em um filme argentino chamado sangre sobre uma mãe dominadora e dois filhos meio bundões. por algum motivo, no meio desse drama familiar pessssado, um dos filhos entra no banheiro da balada e uma mulher completamente nua entrega um rolo de papel higiênico pra ele. vai entender...

ah! e achei um vídeo (clique aqui) no youtube. é tosco, mas fechem os olhos e ouçam a música! vale o mesmo pra minha tradução do francês (nesse caso, o "fechem os olhos" é metafórico).

MAINTENANT JE SAIS
hoje eu sei

quand j'étais petit, haut comme trois pommes

quando eu era pequeno, do tamanho do trois pommes [é um personagem infantil francês]

je parlais bien fort... pour être un homme
eu falava bem grosso... pra dar uma de homem

je disais: "je sais, je sais... je sais"

eu dizia: "eu sei, eu sei... eu sei"

c'était le début, c'était le printemps

era o começo, era a primavera

et quand j'ai eu mes dix-huit ans

e quando eu cheguei aos meus dezoito anos

j'ai dit: "je sais... ça y est, cette fois, je sais"
eu disse: "eu sei... é isso mesmo, desta vez eu sei"

et aujourd'hui, des jours, je me retourne
e hoje, uns dias, eu me viro

je regarde la terre, où j'ai quand même fait les cent pas
olho pra terra, onde dei só uns cem passos

elle tourne et je sais toujours pas comment
ela gira e eu nem sei como

vers vingt-cinq ans, je savais tout

com vinte e cinco anos, eu sabia tudo

l'amour, les roses, la vie, les sous
o amor, as rosas, a vida, o dinheiro

ben oui! L'amour... j'en avais fait tout le tour
isso mesmo! o amor... eu já tinha passado por tudo

mais heureusement, comme les copains
mas, felizmente, como meus amigos

j'avais pas mangé tout mon pain
eu não tinha comido todo o meu pão

au milieu de ma vie... j'ai encore appris

no meio da minha vida... eu ainda aprendi

ce que j'ai appris?... ça tient en trois-quatre mots

o que eu aprendi?... cabe em três ou quatro palavras

le jour où quelqu'un vous aime... il fait très beau
o dia em que alguém te ama... é um dia bom

je peux pas mieux dire... il fait très beau
não consigo dizer de um jeito melhor... é um dia bom

c'est encore ce qui m'étonne dans la vie
ainda é isso o que me surpreende na vida

moi qui suis à l'automne de ma vie

eu que estou no outono de minha vida

on oublie tant de soirs de tristesse
quando se esquece tantas tardes de tristeza

mais jamais un matin de tendresse
mas nunca uma manhã de carinho

toute ma jeunesse, j'ai voulu dire: "je sais"

toda a minha juventude eu quis dizer: "eu sei"

seulement plus je cherchais et puis moins je savais

só que quanto mais eu procurava, menos eu sabia

y'a cinquante coups qui ont sonnés à l'horloge

já soaram cinquenta badaladas no meu relógio

je suis encore à ma fenêtre, je regarde et je m'interroge

ainda estou à minha janela, eu olho e me pergunto

maintenant, je sais... je sais qu'on ne sait jamais

agora eu sei... eu sei que ninguém nunca sabe

la vie, l'amour, l'argent, les amis et les roses
a vida, o amor, o dinheiro, os amigos e as rosas

on ne sait jamais le bruit, ni la couleur des choses
ninguém nunca sabe o barulho ou a cor das coisas

c'est tout ce que je sais... mais ça je le sais!
é tudo o que eu sei... mas isso eu sei!

você sabia que os morros do rio de janeiro são um projeto do niemeyer?

FILME – APENAS O FIM – MATHEUS SOUZA – alguém, em algum momento (desculpem a falta de precisão, mas quando escrevo isso estou sem internet e sei que vou ficar com preguiça de procurar depois), disse que existe uma idade mínima para se escrever um bom livro. isso porque, até uma certa idade, você simplesmente não viveu experiências o suficiente para conseguir entender de verdade as coisas (tem uma música francesa ótima que concorda com isso. a letra segue no próximo post, mas o ideal seria um áudio, que não sei se vou conseguir depois na net. mistério!).

mesmo assim, matheus souza, aos 20 anos, resolveu tentar. ok, ele escreveu um roteiro, não um livro. mas um roteiro extremamente literário. e, no que se refere a desenvolvimento de personagem e representação de sentimentos, que, no fundo, é o que importa, conseguiu algo que gente muito mais experiente que ele, seja no cinema ou na literatura, não tem conseguido. e, de quebra, fez um dos filmes mais engraçados dos últimos anos.

o grande trunfo de matheus souza é que ele decidiu escrever sobre algo que conhece: o relacionamento entre dois jovens que, vamos encarar, devem ser como ele e os amigos dele. com isso, o diretor nos poupou de assistir a mais um filme cheio de boas intenções, com uma boa dose de culpa e incrivelmente chato sobre a favela do rio de janeiro feito por um diretor que nunca pisou com o seu all star fora da zona sul.

embora seja um pouco difícil acreditar que uma personagem como a de erika mader exista na vida real (confesso que não consigo nem lembrar o nome dela. se ele queria uma protagonista “maluca”, deveria ter se inspirado em kate winslet em brilho eterno de uma mente sem lembranças (temo que esse filme vá ser um pouco recorrente nesse blog. brilho eterno é para mim o que o poderoso chefão é para os homens: a resposta para todas as perguntas) ou natalie portman em hora de voltar. ou será q a culpa é da erika mader, que não consegue convencer nem como apresentadora do multishow?). mas a protagonista não é ela, e sim tom (gregório duvivier ou "o novo selton mello"). é da boca dele que sai o texto em que a gente acredita. ele é o personagem que vamos identificar com um amigo. o nerd/indie que vem ganhando cada vez mais espaço nos cinemas (obrigada, michael cera).

tudo bem, qualquer pessoa que assistiu a antes do amanhecer, lançado há 15 anos, sabe que não foi matheus souza quem inventou a hora e meia de diálogo sobre um relacionamento. mas isso não muda o fato de que apenas o fim é um filme sensível e verdadeiro, coisa que não é tão fácil de se encontrar no cinema mundial, e muito menos no brasileiro...

domingo, 21 de junho de 2009

inside all of us is a wild thing

FILME - ONDE VIVEM OS MONSTROS - SPIKE JONZE - ainda não foi lançado, mas vi esse trailer (clique aqui) no cinema e fiquei arrepiada. spike jonze e michel gondry (rebobine, por favor), grandes diretores de videoclips, têm feito os filmes mais sensíveis da atualidade. curioso que o roteirista que os projetou, charlie kauffman, que escreveu quero ser john malkovich para o primeiro e brilho eterno de uma mente sem lembranças para o segundo, também incrivelmente sensíveis, tenha abandonado essa característica e partido pro narcisismo no inacessível sinédoque, ny, filme que roubou para sempre a minha felicidade e que até hoje tento entender.

childhood is the kingdom where nobody dies

LIVRO - BREAKING DAWN - STEPHENIE MEYER - é sintomático que eu não tenha conseguido uma frase de stephenie meyer para o título deste post (tirado da citação de abertura, de edna st. vincent millay). não sou o tipo de leitor que condena os best-sellers, e sei que as vendas nunca vêm por acaso. alguma coisa esses livros têm, e talvez possamos aprender mais sobre as pessoas e o mundo entendendo por que são atraídas por eles do que lendo cem anos de solidão.

eu não *precisava* ter lido crepúsculo e, muito menos, os outros dois livros da série que levam até este desfecho. mas li. fui assistir ao filme porque não havia nada melhor passando e, confesso, porque me disseram que eu era parecida com a kristen stewart. agora imagino que mais pela tendência dela a se cortar com papel, trombar com os móveis e escorregar no gelo que visualmente. até gostei do filme. para uma fantasia infanto-juvenil, era bem... sexy. acabei lendo o primeiro livro pra ver se era bom. era exatamente igual ao filme, como se fosse um script. passei então pro segundo. muito drama, mas nada da história engrenar. passei pro terceiro, mas, nisso, já tinha pego um pouco de raiva dos protagonistas (peloamordedeus, vocês se conhecem há dois anos e não podem nem se encostar direito, como têm tanta certeza de que vão querer ficar juntos pro resto da eternidade???). sentia muita falta de um pouco de ação (pra uma história de vampiros e lobisomens, falta porrada). mas eu *precisava* saber o que ia acontecer. tanto que acabei comprando o quarto em inglês, porque não podia esperar pela grande batalha final.

assim, de uma forma ou de outra, eu li tudo em um espaço muito curto de tempo. tive que comprar esses livros que não são exatamente o tipo que se exibe em uma biblioteca pessoal. e por quê? a verdade é que todo mundo que se sente pressionado a seguir a "alta cultura" sabe que nenhuma leitura é tão deliciosa quanto a de um livro vagabundo. sim, entre meus livros preferidos estão "mrs. dalloway", "o morro dos ventos uivantes" e "o homem duplicado". mas um livro que você consegue ler em uma viagem de ônibus, durante o jogo do brasil ou em três idas ao banheiro também é um bom livro.

mas foi justamente por isso que esse último volume foi uma grande decepção. foi com muita dificuldade que percorri suas 758 páginas. e se é para sofrer com a leitura, que seja com dom quixote ou os miseráveis, porque tenho certeza de que, ao final, seria recompensada por isso. mas breaking dawn é apenas chato. stephenie meyer não é tolkien. ela não criou um universo absolutamente complexo, uma trama cheia de personagens, reviravoltas, obstáculos. a saga crepúsculo é só uma série de livros sobre uma menina comum que gosta de um vampiro que também gosta dela e, pra facilitar, nem ao menos bebe sangue humano. e a tal esperada batalha nunca vem. lembrando que nada disso é lá muito bem escrito. e se não há trama ou inovação na maneira em que o autor escreve, pra quê?

é por isso que eu dou graças a deus por j. k. rowling. pelo menos ela tinha uma história pra contar.

call me ishmael

envolvida na leitura de the polysyllabic spree, decidi que também quero escrever descompromissadamente sobre os livros que leio, mesmo que ninguém me pague por isso. (ainda! caberia aqui uma risada maligna, impossibilitada pelas limitações deste blog.)

não que eu acredite que o mundo esteja interessado no que tenho a dizer sobre este ou aquele livro (o que, aliás, estenderei para este ou aquele filme, esta ou aquela música, este ou aquele seriado de tevê), mas porque seria bem legal se eu tivesse lembranças das coisas que leio e vejo.

a ideia original era usar usar minha opening line preferida no título. mas "mrs.dallowaysaidshewouldbuytheflowersherself.blogspot.com" ficou um pouco longo, de modo que tive que ficar com uma opção menos próxima do meu coração, mas muito mais eficiente. então, me chame de lígia.