terça-feira, 30 de junho de 2009

você está sofrendo! é por isso que está tocando tão bem agora!

HQ - FRANGO COM AMEIXAS - MARJANE SATRAPI - demorei uns 15 minutos pra ler esse livro, então me sinto na obrigação de comentá-lo em um parágrafo. a satrapi tem uma coisa muito legal de ver poesia na vida real. mas se você tiver que escolher entre frango com ameixas, em que ela conta os últimos oito dias da vida de seu tio-avô, e persépolis, que narra sua infância e adolescência ligada ao irã, fique com o segundo.

aproveito pra dizer que, se tudo der certo, vou pra flip amanhã! isso significa nada de posts até domingo que vem, mas MUITOS posts sobre alta literatura (dedicados aos meus críticos) quando eu voltar! a única coisa é q os textos podem demorar um pouco mais do q esperado, pq decidiram acabar com a maldita greve da usp e eu tenho um trabalho surreal pra fazer pra segunda, acredito eu...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

yippee-ki-yay, motherfucker!

HQ – O HOMEM QUALQUER COISA – MATHEUS SOUZA – pois é, o diretor de apenas o fim, com a sabedoria de seus 15 anos (cansei de tentar descobrir qual a idade dele agora. daqui para a frente vou só chutar números. lembrando sempre que esse é um blog altamente jornalístico) fez o roteiro de um quadrinho para a oi. (veja aqui!)

matheus, você pode ter feito um filme legal com apenas 13 anos, mas não é tão talentoso que não precise se esforçar, né? não dá pra fazer uma carreira só enchendo tudo o que você faz de referências pop. a figura do kevin smith não sustenta nem os trabalhos dele, então imagine o seu... e, como uma pessoa que assistia a two guys, a girl and a pizza place, me sinto confortável para dizer: know your ryan reynolds! quem quer que esteja desenhado lá, não é ele.

by all means, let's talk it over!

FILME - ANJOS E DEMÔNIOS – RON HOWARD – começo a temer que os textos desse blog levem a uma verdade incoveniente: eu sou muito trash. cadê a crítica de ulysses? de pierrot le fou? do último livro do harold bloom? não. até agora só tivemos crepúsculo, scrubs e, agora, anjos e demônios! como se eu já não tivesse sido criticada o bastante por ter ido ao show do marcelo camelo...

bom, não vou me estender muito sobre anjos e demônios, porque eu posso ter ido assistir, mas sei que não é spielberg (o antigo. o atual talvez até fizesse pior, já que o filme provavelmente teria três horas de duração). o fato é que o filme funciona, porque é mais parecido com a lenda do tesouro perdido (aquele do nicolas cage) que com o código da vinci (lento e confuso). pelo menos eles perceberam que quando você não tem uma história lá muito boa, é melhor ter ação. aliás, o melhor mesmo é ler o nome da rosa.

domingo, 28 de junho de 2009

please, please: put it down. you'll never finish it. start something else

LIVRO - THE COMPLETE POLYSYLLABIC SPREE – NICK HORNBY – duas coisas que eu aprendi com essa coletânea das colunas do nick hornby para a revista believer:

1) você sempre vai comprar mais livros do que consegue ler. não tente lutar contra esse fato. é humanamente impossível ler tudo o que se deve ou deseja em 80 ou até 100anos. para compensar essa limitação, o universo nos dá o direito de comprar alguns que simplesmente precisamos ter, nem que seja apenas para ler a orelha ou ostentar na biblioteca.

2) ninguém é obrigado a terminar um livro. se você não está gostando, pare no meio. nada de ruim vai acontecer com você. confesso que sempre achei que precisava fazer valer o esforço das páginas já lidas e, ao mesmo tempo, esperava por um final maravilhoso que redimisse todo o meu sofrimento. mas hornby abriu os meus olhos. não há tempo para isso.

se alguém pretende ler este livro (eu tenho uma edição de bolso da penguin, mas ele acaba de ser lançado pela rocco como frenesi polissilábico), é bom saber quem é o polyphonic spree (hornby chama a entidade que controla a believer de polysyllabic spree). o hit deles, que nem chega a tanto, é light & day (veja aqui), que faz parte da trilha sonora de... SIM! brilho eterno de uma mente sem lembranças! tem também um capítulo de scrubs (aqui! e viva o youtube!) em que o grupo todo entra em um quarto do sacred heart e começa a cantar em meio a bexigas.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

e os velhinhos são bons de papo!

SHOW - MARCELO CAMELO - lembro que da primeira vez em que eu ouvi o cd solo do marcelo camelo, sou, gostei. mas aí veio o thiago ney (radical da ilustrada) e disse que o cd novo do amarante (do little joy, na verdade) era tudo o que o los hermanos tinha de bom, enquanto o do camelo era tudo o que eles tinham de ruim. fiquei falando mal do thiago ney por uns tempos, mas a verdade é que puxei o cd do little joy, achei simplesmente O MÁXIMO, fui ao show e me envolvi imensamente. nisso, já tinham rolado as notícias de que o marcelo camelo estava com a chata da mallu magalhães, e eu peguei raiva dele, dela, e botei na minha cabeça que sou era uma chatice sem fim.

então, quando ganhei os ingressos pro show do marcelo camelo, fiquei animada, mas com um pouco de medo de morrer de tédio até ele decidir tocar uma música do los hermanos e me salvar da minha agonia. mas, against all odds, confirmei a minha teoria de que os melhores shows são os baratos, teoria que teve início no histórico show de matt costa no MIS (R$7,50 pra entrar, a força acabou quando ele cantou a primeira frase da primeira música e ainda assim foi o melhor show da minha vida).

sou é uma mistura de músicas lindas e melancólicas com marchinhas. assim, quando você está convencido de que a vida não vale a pena e é melhor acabar com tudo, entra algo como "o baile do peixoto é um barato! e os velhinhos são bons de papo!" (da ótima "copacabana") e você descobre que a vida é uma festa.

o mais engraçado é que você aposta que as letras são boas porque acredita na inteligência do camelo (apesar do incidente mallu magalhães). mas, na real, não dá pra entender nada do que ele fala. eu tinha grandes planos de colocar "você está só" como título desse blog e ia reclamar do dedo acusador do camelo na minha cara. mas hoje descubro que a letra de "doce solidão" começa com "posso estar só", o que destrói o sentido que a música tinha pra mim. também falhei repetidamente em cantar "menina bordada", porque achei que estava simplesmente inventando palavras, mas depois descobri que a letra era exatamente como eu cantava.

até a música com a mallu ("eu quiiiiiis te conheceeeeer") é bem legal quando ela não entra pra desafinar. ontem, por um momento morri de medo que ela entrasse do escuro com uma estrela pintada no olho direito pra fazer um dueto com o camelo. afinal, era um show de dia dos namorados. mas eu tinha esquecido que era uma terça-feira e ela teria aula no dia seguinte.

acho que, no fim das contas, nos demos bem com dois ótimos cds (camelo e little joy) completamente diferentes entre si.

terça-feira, 23 de junho de 2009

le jour où quelqu'un vous aime... il fait très beau

MÚSICA - MAINTENANT JE SAIS - JEAN GABIN - e segue a letra de "maintenant je sais". ouvi essa música em um filme argentino chamado sangre sobre uma mãe dominadora e dois filhos meio bundões. por algum motivo, no meio desse drama familiar pessssado, um dos filhos entra no banheiro da balada e uma mulher completamente nua entrega um rolo de papel higiênico pra ele. vai entender...

ah! e achei um vídeo (clique aqui) no youtube. é tosco, mas fechem os olhos e ouçam a música! vale o mesmo pra minha tradução do francês (nesse caso, o "fechem os olhos" é metafórico).

MAINTENANT JE SAIS
hoje eu sei

quand j'étais petit, haut comme trois pommes

quando eu era pequeno, do tamanho do trois pommes [é um personagem infantil francês]

je parlais bien fort... pour être un homme
eu falava bem grosso... pra dar uma de homem

je disais: "je sais, je sais... je sais"

eu dizia: "eu sei, eu sei... eu sei"

c'était le début, c'était le printemps

era o começo, era a primavera

et quand j'ai eu mes dix-huit ans

e quando eu cheguei aos meus dezoito anos

j'ai dit: "je sais... ça y est, cette fois, je sais"
eu disse: "eu sei... é isso mesmo, desta vez eu sei"

et aujourd'hui, des jours, je me retourne
e hoje, uns dias, eu me viro

je regarde la terre, où j'ai quand même fait les cent pas
olho pra terra, onde dei só uns cem passos

elle tourne et je sais toujours pas comment
ela gira e eu nem sei como

vers vingt-cinq ans, je savais tout

com vinte e cinco anos, eu sabia tudo

l'amour, les roses, la vie, les sous
o amor, as rosas, a vida, o dinheiro

ben oui! L'amour... j'en avais fait tout le tour
isso mesmo! o amor... eu já tinha passado por tudo

mais heureusement, comme les copains
mas, felizmente, como meus amigos

j'avais pas mangé tout mon pain
eu não tinha comido todo o meu pão

au milieu de ma vie... j'ai encore appris

no meio da minha vida... eu ainda aprendi

ce que j'ai appris?... ça tient en trois-quatre mots

o que eu aprendi?... cabe em três ou quatro palavras

le jour où quelqu'un vous aime... il fait très beau
o dia em que alguém te ama... é um dia bom

je peux pas mieux dire... il fait très beau
não consigo dizer de um jeito melhor... é um dia bom

c'est encore ce qui m'étonne dans la vie
ainda é isso o que me surpreende na vida

moi qui suis à l'automne de ma vie

eu que estou no outono de minha vida

on oublie tant de soirs de tristesse
quando se esquece tantas tardes de tristeza

mais jamais un matin de tendresse
mas nunca uma manhã de carinho

toute ma jeunesse, j'ai voulu dire: "je sais"

toda a minha juventude eu quis dizer: "eu sei"

seulement plus je cherchais et puis moins je savais

só que quanto mais eu procurava, menos eu sabia

y'a cinquante coups qui ont sonnés à l'horloge

já soaram cinquenta badaladas no meu relógio

je suis encore à ma fenêtre, je regarde et je m'interroge

ainda estou à minha janela, eu olho e me pergunto

maintenant, je sais... je sais qu'on ne sait jamais

agora eu sei... eu sei que ninguém nunca sabe

la vie, l'amour, l'argent, les amis et les roses
a vida, o amor, o dinheiro, os amigos e as rosas

on ne sait jamais le bruit, ni la couleur des choses
ninguém nunca sabe o barulho ou a cor das coisas

c'est tout ce que je sais... mais ça je le sais!
é tudo o que eu sei... mas isso eu sei!

você sabia que os morros do rio de janeiro são um projeto do niemeyer?

FILME – APENAS O FIM – MATHEUS SOUZA – alguém, em algum momento (desculpem a falta de precisão, mas quando escrevo isso estou sem internet e sei que vou ficar com preguiça de procurar depois), disse que existe uma idade mínima para se escrever um bom livro. isso porque, até uma certa idade, você simplesmente não viveu experiências o suficiente para conseguir entender de verdade as coisas (tem uma música francesa ótima que concorda com isso. a letra segue no próximo post, mas o ideal seria um áudio, que não sei se vou conseguir depois na net. mistério!).

mesmo assim, matheus souza, aos 20 anos, resolveu tentar. ok, ele escreveu um roteiro, não um livro. mas um roteiro extremamente literário. e, no que se refere a desenvolvimento de personagem e representação de sentimentos, que, no fundo, é o que importa, conseguiu algo que gente muito mais experiente que ele, seja no cinema ou na literatura, não tem conseguido. e, de quebra, fez um dos filmes mais engraçados dos últimos anos.

o grande trunfo de matheus souza é que ele decidiu escrever sobre algo que conhece: o relacionamento entre dois jovens que, vamos encarar, devem ser como ele e os amigos dele. com isso, o diretor nos poupou de assistir a mais um filme cheio de boas intenções, com uma boa dose de culpa e incrivelmente chato sobre a favela do rio de janeiro feito por um diretor que nunca pisou com o seu all star fora da zona sul.

embora seja um pouco difícil acreditar que uma personagem como a de erika mader exista na vida real (confesso que não consigo nem lembrar o nome dela. se ele queria uma protagonista “maluca”, deveria ter se inspirado em kate winslet em brilho eterno de uma mente sem lembranças (temo que esse filme vá ser um pouco recorrente nesse blog. brilho eterno é para mim o que o poderoso chefão é para os homens: a resposta para todas as perguntas) ou natalie portman em hora de voltar. ou será q a culpa é da erika mader, que não consegue convencer nem como apresentadora do multishow?). mas a protagonista não é ela, e sim tom (gregório duvivier ou "o novo selton mello"). é da boca dele que sai o texto em que a gente acredita. ele é o personagem que vamos identificar com um amigo. o nerd/indie que vem ganhando cada vez mais espaço nos cinemas (obrigada, michael cera).

tudo bem, qualquer pessoa que assistiu a antes do amanhecer, lançado há 15 anos, sabe que não foi matheus souza quem inventou a hora e meia de diálogo sobre um relacionamento. mas isso não muda o fato de que apenas o fim é um filme sensível e verdadeiro, coisa que não é tão fácil de se encontrar no cinema mundial, e muito menos no brasileiro...

domingo, 21 de junho de 2009

inside all of us is a wild thing

FILME - ONDE VIVEM OS MONSTROS - SPIKE JONZE - ainda não foi lançado, mas vi esse trailer (clique aqui) no cinema e fiquei arrepiada. spike jonze e michel gondry (rebobine, por favor), grandes diretores de videoclips, têm feito os filmes mais sensíveis da atualidade. curioso que o roteirista que os projetou, charlie kauffman, que escreveu quero ser john malkovich para o primeiro e brilho eterno de uma mente sem lembranças para o segundo, também incrivelmente sensíveis, tenha abandonado essa característica e partido pro narcisismo no inacessível sinédoque, ny, filme que roubou para sempre a minha felicidade e que até hoje tento entender.

childhood is the kingdom where nobody dies

LIVRO - BREAKING DAWN - STEPHENIE MEYER - é sintomático que eu não tenha conseguido uma frase de stephenie meyer para o título deste post (tirado da citação de abertura, de edna st. vincent millay). não sou o tipo de leitor que condena os best-sellers, e sei que as vendas nunca vêm por acaso. alguma coisa esses livros têm, e talvez possamos aprender mais sobre as pessoas e o mundo entendendo por que são atraídas por eles do que lendo cem anos de solidão.

eu não *precisava* ter lido crepúsculo e, muito menos, os outros dois livros da série que levam até este desfecho. mas li. fui assistir ao filme porque não havia nada melhor passando e, confesso, porque me disseram que eu era parecida com a kristen stewart. agora imagino que mais pela tendência dela a se cortar com papel, trombar com os móveis e escorregar no gelo que visualmente. até gostei do filme. para uma fantasia infanto-juvenil, era bem... sexy. acabei lendo o primeiro livro pra ver se era bom. era exatamente igual ao filme, como se fosse um script. passei então pro segundo. muito drama, mas nada da história engrenar. passei pro terceiro, mas, nisso, já tinha pego um pouco de raiva dos protagonistas (peloamordedeus, vocês se conhecem há dois anos e não podem nem se encostar direito, como têm tanta certeza de que vão querer ficar juntos pro resto da eternidade???). sentia muita falta de um pouco de ação (pra uma história de vampiros e lobisomens, falta porrada). mas eu *precisava* saber o que ia acontecer. tanto que acabei comprando o quarto em inglês, porque não podia esperar pela grande batalha final.

assim, de uma forma ou de outra, eu li tudo em um espaço muito curto de tempo. tive que comprar esses livros que não são exatamente o tipo que se exibe em uma biblioteca pessoal. e por quê? a verdade é que todo mundo que se sente pressionado a seguir a "alta cultura" sabe que nenhuma leitura é tão deliciosa quanto a de um livro vagabundo. sim, entre meus livros preferidos estão "mrs. dalloway", "o morro dos ventos uivantes" e "o homem duplicado". mas um livro que você consegue ler em uma viagem de ônibus, durante o jogo do brasil ou em três idas ao banheiro também é um bom livro.

mas foi justamente por isso que esse último volume foi uma grande decepção. foi com muita dificuldade que percorri suas 758 páginas. e se é para sofrer com a leitura, que seja com dom quixote ou os miseráveis, porque tenho certeza de que, ao final, seria recompensada por isso. mas breaking dawn é apenas chato. stephenie meyer não é tolkien. ela não criou um universo absolutamente complexo, uma trama cheia de personagens, reviravoltas, obstáculos. a saga crepúsculo é só uma série de livros sobre uma menina comum que gosta de um vampiro que também gosta dela e, pra facilitar, nem ao menos bebe sangue humano. e a tal esperada batalha nunca vem. lembrando que nada disso é lá muito bem escrito. e se não há trama ou inovação na maneira em que o autor escreve, pra quê?

é por isso que eu dou graças a deus por j. k. rowling. pelo menos ela tinha uma história pra contar.

call me ishmael

envolvida na leitura de the polysyllabic spree, decidi que também quero escrever descompromissadamente sobre os livros que leio, mesmo que ninguém me pague por isso. (ainda! caberia aqui uma risada maligna, impossibilitada pelas limitações deste blog.)

não que eu acredite que o mundo esteja interessado no que tenho a dizer sobre este ou aquele livro (o que, aliás, estenderei para este ou aquele filme, esta ou aquela música, este ou aquele seriado de tevê), mas porque seria bem legal se eu tivesse lembranças das coisas que leio e vejo.

a ideia original era usar usar minha opening line preferida no título. mas "mrs.dallowaysaidshewouldbuytheflowersherself.blogspot.com" ficou um pouco longo, de modo que tive que ficar com uma opção menos próxima do meu coração, mas muito mais eficiente. então, me chame de lígia.