sexta-feira, 31 de julho de 2009

if what i think is happening is happening, it better not be

TRAILER - THE FANTASTIC MR. FOX - WES ANDERSON - há quem odeie os filmes do wes anderson. quem não aguente assisti-los até o final. quem se pergunte por que aquelas pessoas são tão esquisitas e qual o sentido de tudo aquilo. e dá pra entender.

mas eu adoro. os excêntricos tenembaums é um dos filmes mais bonitos que eu já vi, viagem a darjeeling é um daqueles que você fica repetindo as melhores partes e até o mais chatinho a vida marinha com steve zissou tem cenas inesquecíveis, como a visão do tubarão-jaguar.

por isso, por mais estranho (e "estranho" é a palavra quando se trata de wes anderson) que pareça ele dirigindo um longa em stop motion em vez de um roteiro original (mas não se trata também de qualquer roteiro adaptado: é um roteiro adaptado de um livro de ronald dahl, o que faz muito sentido para wes), não espero nada menos que sensacional. como michel gondry dirigindo o besouro verde. de alguma forma, vai dar certo.

por fim, vamos ao trailer. repare que são os mesmos caras de sempre: owen wilson, bill murray, jason schwartzman e... meryl streep! só q ela faz a voz da anjelica houston, tipo quando outros atores fazem o woody allen nos filmes dele.

terça-feira, 28 de julho de 2009

the following is a work of fiction. any resemblance to persons living or dead is purely coincidental. especially you jenny beckman. bitch.

FILME - 500 DIAS COM ELA - MARC WEBB - assisti ao trailer de 500 days of summer (veja aqui). esperava mais (acho que o trailer de onde vivem os monstros colocou os meus padrões lá em cima), mas torço para que o filme seja mesmo tão bom quanto indica a crítica americana.

uma coisa que eu ainda não tinha percebido: o mocinho é o menino de third rock from the sun! em um primeiro momento achei que de maneira alguma ele iria convencer como um adulto e par romântico da zooey deschanel (o guia do mochileiro das galáxias - adoooro!), mas fiz uma busca rápida no imdb e vi que ela tem 29 anos, e ele, 28! foi então que percebi que já faz dez anos desde 10 coisas que eu odeio em você e que se o heath ledger teve tempo de virar um caubói gay, bob dylan, coringa e se matar (ou não), é aceitável que o joseph gordon-levitt tenha crescido e virado mocinho de filmes adultos.

terça-feira, 21 de julho de 2009

do you remember when we met

SHOW - CAT POWER - fui ao show da cat power no via funchal por dois motivos: primeiro porque todo o mundo que a assistiu no tim festival há dois anos ficou absolutamente encantado (e não, não estou exagerando); segundo porque eu queria desesperadamente ouvir "sea of love", parte da trilha de juno (aquela que toca depois que ela teve o filho e fica chorando na cama), ao vivo.

depois do show, confirmo que a cat power tem mesmo essa qualidade hipnotizante que faz você querer ser tão supercool quanto ela. MAS o show foi um pouco cansativo, não sei se porque eu já tinha feito muita coisa naquele dia e estava com uma dor nas costas horrível ou se porque em um ou dois momentos eu me sentia em contatos imediatos de terceiro grau, com o palco vazio, aquelas luzes na minha cara e uma melodia eletrônica "pa-pa-ti pa-pa-ta" se repetindo.

mas, de um modo geral, o show foi bastante bonito. os arranjos de *todas* as músicas (inclusive da minha querida "sea of love") foram modificados, fazendo daquela uma experiência única, completamente diferente a de se ouvir o cd. (me sinto obrigada a confessar que roubei a primeira parte dessa observação da irmã de uma amiga. so sorry.)

sobre "sea of love": eu já tinha entregue os pontos (culpa do radiohead, que me deixou traumatizada. fiquei o show todo esperando ouvir uma "no surprises" que nunca veio. so sad.) quando ela finalmente chegou, no biss. imperdível!

how grand it must be to be the chosen one

FILME - HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE - DAVID YATES - a série harry potter já teve dois grandes diretores: alfonso cuarón (harry potter e o prisioneiro de azskaban) e mike newell (harry potter e o cálice de fogo). os dois foram amplamente elogiados por fãs e crítica. por isso, a permanência do rodízio de diretores deu a entender que, para dar maior fòlego a uma série bastante longa, haveria um novo profissional a cada episódio. qual não foi a surpresa então quando david yates, completo desconhecido e responsável pelo filme mais fraco da série (harry potter e a ordem da fênix), foi mantido não apenas para o sexto filme, mas para os dois que se seguiriam a ele?

por esse motivo, eu já esperava muito pouco do filme que estreia agora. quando as críticas começaram a sair e a única positiva (e bastante entusiasmada) foi a da isabela boscov, da veja, fiquei ainda mais segura do que encontraria. e foi isso mesmo. o filme não é ruim. mas sou completamente indiferente a ele. você senta, assiste e, quando vai embora, esquece. não vai querer assistir de novo, não vai esperar desesperadamente pelo dvd, não vai ficar rememorando passagens na cabeça antes de dormir (ou será que só eu que faço isso?). não existe um desenvolvimento de personagem ou de trama e, para ser sincera, não vou nem esperar pelos últimos filmes, mesmo que acabe indo assisti-los.

e a verdade é: quem se importa? a qualidade dos filmes de harry potter a essa altura não influi mais em sua bilheteria. é algo como o que aconteceu com wolverine no brasil. pode ser péssimo, mas é um sucesso de bilheteria. um filme hoje não precisa mais ser bom nem como cinemão (como os primeiros guerra nas estrelas, indiana jones e o atual jornada nas estrelas). é só ter marca.

só pra não dizer que sou incapaz de apontar algo de positivo nesse harry potter, jim broadbent, que recebeu um oscar por iris está ótimo como um ao mesmo tempo bonachão e condenável professor slughorn. só é uma pena que ele tenha que contracenar com o daniel radcliffe...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

you don't want to be with me

FILME - A PROPOSTA - ANNE FLETCHER- meu problema com esse filme começa no título. a proposta não quer dizer nada, já que, em português, uma pessoa pede outra em casamento, e não propõe. dito isso, gostaria muito de saber que tipo de pessoa faz a adaptação de títulos de filmes estrangeiros para o português. pessoalmente, gostaria muito de um trabalho desses e, pelo que parece, não se exige lá muita coisa dos candidatos à vaga. por motivos óbvios, imagino (e torço para) que não seja a mesma pessoa que faz a tradução em si.

mas falando do filme: o roteiro de a proposta não é exatamente original. algo como o diabo veste prada meets qualquer comédia romântica. mas confesso que me diverti, em parte porque precisava dar uma pausa nos filmes deprimentes e em parte porque a personagem da sandra bullock é uma editora, então a história é trazida para um universo com o qual eu posso me identificar. ao que parece, eu mesma sou muito exigente quando responsável pelo trabalho de outra pessoa.

mesmo assim, uma coisa me incomodou nesse filme, que não é excepcionalmente engraçado ou bonito: não dá pra acreditar que o personagem do ryan reynolds tenha se apaixonado pelo da sandra bullock. ok, que isso tenha acontecido com ela, a gente até acredita, porque se trata de uma pessoa completamente sozinha. mas porque ele teria interesse nela é uma parte da história que esqueceram de contar. parece que assumiram que o público já sabia o que ia acontecer e que seria perda de tempo explicitar isso na tela.

uma outra dúvida: eu gosto ou não do ryan reynolds? ainda não consegui decidir qual é a dele. em três vezes amor (bom filme) eu estava muito perto do "gosto", mas aí veio wolverine e estragou tudo.

por último, já que estamos falando de comédias românticas, fico no aguardo de 500 days of summer, com a zooey deschanel (o guia do mochileiro das galáxias e sim, senhor), que parece ser aquela comédia romântica do ano que sai do medíocre.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

sayez, c'est fini

LIVROS - acho que nenhum livro que a gente leia na vida adulta substitui o mais idiota dos livros que a gente tenha lido quando criança. deem uma olhada nessa francesinha (aqui) contando a história de uma aventura do ursinho puff, que com certeza é muito mais chata que a que ela inventa...

e aproveitando que estamos falando de crocodilos e criancinhas estrangeiras, deem uma olhada nesse italianinho (aqui).

domingo, 12 de julho de 2009

é muita pedra

LIVROS - FLIP - DIA 4 - não tenho a menor idéia do que simon schama disse sobre o futuro da américa nessa mesa da manhã de domingo, embora estivesse lá. não é culpa dele, mas não tenho a mesma força desse homem que foi visto embriagado em todas as noites da flip e mesmo assim segurou a sua mesa na manhã do último dia sozinho, recusando-se inclusive a permanecer sentado. mas ouso dizer que se a gripe suína não tivesse me derrubada e as ruas de paraty fossem asfaltadas, essa teria sido uma conversa muito interessante, que me animaria até mesmo a viajar mais tarde e assistir à próxima, com catherine millet.

dizem até que a academia sueca teria cometido um erro de português

LIVROS - FLIP - DIA 3 - sábado foi o dia mais cheio da flip para mim. tudo começou com alex ross, que escreveu para o new york times e a new yorker e agora lança no brasil um livro sobre música erudita no século XX. me parece muito interessante que alguém moderno escreva sobre esse tema e, por isso, queria já há um tempo dar meu apoio ao alex ross sem ter contudo que ler um calhamaço sobre um assunto que, vamos encarar, não me interessa muito. a vinda dele para o brasil acabou sendo perfeita. mostrei meu apoio em 1h15 de "música erudita para dummies" e agora posso dormir com a consciência tranquila.

sophie calle e grégoire bouillier foram, para mim, a decepção da flip. são duas pessoas sem méritos literários que justifiquem sua presença ali e que, pelo visto, foram convidadas pelo inusitado de sua situação. para quem não sabe, grégoire deu o fora em sophie por e-mail, e ela fez uma exposição disso, com 170 mulheres analisando esse texto sob pontos de vista diferentes. parece até uma obra interessante, mas a mesa foi apenas sobre amor, como quando alan pauls falou de o passado).

gay talese chamou bastante atenção durante a feira não apenas por ser um dos convidados mais famosos, mas também por sua figura (um velhinho andando por paraty com ternos de alfaiate e guarda-chuva como bengala). a mesa conduzida por mario sergio conti foi excelente (será a jornalista em mim falando?). houve apenas um momento muito triste (e aí sim era pertinente falar de amor em uma feira literária) em que o jornalista brasileiro perguntou sobre o livro que talese escreve sobre seu casamento com a editora nan talese, e se ele não se sentia mal por expor sua esposa novamente ao ridículo (depois de ter escrito a mulher do próximo, em que narra sua experiência trabalhando como cafetão). talese respondeu sem parecer ofendido e visivelmente emocionado que não havia nada que pudesse fazer. ele é um escritor. mas que talvez não fosse o escritor que se sentisse obrigado a contar essas histórias, mas o homem que não consegue deixar de machucar, que precisa destruir uma relação.

antónio lobo antunes encerrou a noite com muito bom humor. humberto werneck fez a sua parte com alguns comentários anti-saramago.

tá tudo lá no google

LIVROS - FLIP - DIA 2 - o dia começou pra mim com atiq rahimi contra bernardo carvalho. digo contra porque os dois autores pareceram não se entender muito bem. de minha parte, não gostei muito de nenhum.

chico buarque e milton hatoum foram um show à parte. sem dúvida a mesa mais agradável da flip. dizem que chico tomou dois calmantes e encheu a cara antes de entrar, mas valeu a pena. os dois estavam muito à vontade, e embora não tenham dito nada de muito literário, a conversa claramente não era entre duas pessoas normais e, por isso, tinha potencial para agradar a todos. menos edna o'brien, pelo que diz diogo manairdi na revista veja de hoje.

not enough evidence, god

LIVROS - FLIP - DIA 1 - a flip 2009 não poderia ter começado melhor para mim. tenda dos autores para assistir a uma mesa com rafael coutinho (o filho do laerte), fábio moon e gabriel bá (os gêmeos, mas não osgêmeos) e rafael grampá. pode parecer estranho uma mesa de quadrinhos em um evento em que os convites são invariavelmente criticados (se são para personalidades, a flip se vendeu; se não vem ninguém conhecido, é a crise), mas há uns quatro anos art spiegelman é convidado. de qualquer maneira, é um grande pulo de um vencedor do prêmio pulitzer para quatro jovens brasileiros. tudo bem que no meio disso teve neil gaiman, mas sandman é um quadrinho absolutamente literário e, mesmo assim, ele havia sido convidade por seus romances. de qualquer maneira, eu estava um pouco temerosa de que esses garotos simplesmente não tivessem muito a dizer. mas todos se saíram muito bem. rafael coutinho foi o mais desenvolto e carismático. cachalote, que desenha a partir de roteiro de daniel galera, parece um quadrinho digno da editora canadense drawn & quarterly. mas não deixa de ser um tanto curioso que um desenhista (ele não escreve os roteiros) nunca publicado seja convidado pela flip (isso provavelmente não seria possível sem os amigos e o pai certo). os gêmeos também se saíram bem, e parecem ser os que mais mereciam o convite. conseguiram entrar para o mercado norte-americano sozinhos, levando seus fanzines para o comic con e conquistando espaço em séries importantes como umbrella academy. mas grampá talvez seja o que foi mais longe até agora, já que recebeu um eisner por um trabalho autoral e individual, mas contou com um impulso dos próprios gêmeos para começar. enfim, parece que podemos esperar grandes coisas de todos eles.

à tarde, assisti à mesa dos chineses (xinran e ma jian), mas fica muito difícil comentá-la, dada a fraca tradução simultãnea do mandarim. o que me leva a duas questões: é realmente impossível fazer uma tradução simultânea de qualidade ou essa atividade apenas não está devidamente desenvolvida no brasil? é impossível passar para o português uma língua tão simbólica como o chinês ou simplesmente não se estuda a língua no brasil como se deveria? de qualquer maneira, xinran é absolutamente adorável.

a última mesa do dia foi uma das melhores da flip. nos 200 anos do nascimento de darwin e 150 da publicação de a origem das espécies, richard dawkins falou a maior parte do tempo sobre deus. e há muito sobre o que se refletir depois de assistir a este homem carismático e convincente falando. de acordo com ele, a religião não traz nada de bom. nem mesmo conforto. se todos encarássemos a vida como ela é, uma existência desprovida de um sentido além da transmissão do gene egoísta, nos preocuparíamos apenas em ser felizes com o tempo que temos, e não viveríamos sempre com medo. quando perguntado sobre o que diria a deus se morresse e desse de cara com ele, dawkins deu uma resposta dupla: "not enough evidence, god" e "which god are you?".